A Revanche

O Amor vai vencer
O Amor vai chegar em novas esferas
Nunca tocadas -
Pra uns será a coisa mais linda
Outros o chamarão fim do mundo.

A insidiosa oligarquia
Roquefélers e seus padrinhos
Vão cair!

Todo caímos
Aofim.

E mesmo que em morte avassalada
Mesmo que em momento de morte de milissegundo de atropelamento boçal
Ainda assim sempre sente o impacto
Sempre sente o choque
Todos e especialmente os ignóbeis -
Os insensíveis
Ah torpe vingança
Os insensíveis percebem sua condição somente naquele átimo
Somente no espamo final
Somente no desfazer-se
Percebe-se
Percebe sua condição.

Triste cabo
Mas bela vingança
Ah bela vingança.

Sim
O grotesco em sua ganância
Há-de sim perjurar escroto até que fenesça
Tão imenso comprazido em sua confortável angústia
Ah sim em seu momento final
Ele há-de notar-se
Finalmente
Ele há-de entender o que em sua condição o tornava irmão
O tornava parte de tudo -
Ah incrível vingança do verde
A árvore ensinará ao torpe moribundo
Naquele único instante
Em que se dá o direito de perceber-se frágil e real
Tão real e perfeitamente preciso tão deslumbrante
Ali o odioso sofrerá tudo
Sim
Se creio num julgamento
É neste.

E naquele último instante
Mesmo que se vaporizado numa queda de avião
Ou atropelado completamente desatento por um caminhão
Não importa quão violenta e instantaneamente ele morra
O choque imprimirá uma marca
Um milésimo de segundo que seja
Em que acata à divina inevitabilidade
E compreende-se a si
Justificando-se também em certa medida mundana
Neste rutilar
Neste nada
Sim
Ele se dará conta
Ele se dará conta da eternidade
Se dará conta de suas escolhas
Saberá exatamente o que em seu corpo esteve definido pelo que em sua vida
Saberá exatamente o valor da origem e de cada instante daquilo que mal percebeu ter sido sua única e infame existência
E
Ah
Deliciosa vingança
Este instante
Ali ele se dará conta
De que suas decisões significaram milhões de perdas similares
Similares e também bem diferentes
Ele se dará conta então do amor
Não poderá escapar-lhe
Lembrará-se
Ah pobre alma
Estará aberto
E se lembrará
Pela primeira vez na vida vislumbrará a mais alta esperança do amor
Compreenderá o essencial porquê
Somente para amargar-se no arrependimento inelutável
Lembrará-se de todos aqueles imbecis que lutavam uns pelos outros
Sentirá em toda sua fúria tudo que lhe é direcionado
Pois que estará aberto
Verá o verdadeiro valor de seu tempo
Somente para se dar conta de que ele acabara.

É esta a suprema vingança
Seu julgamento virá.

Certamente virá
Como este último instante ao menos.

Se há qualquer algo no universo que ouve
Se há algo realmente imensamente poderoso e inteligente em nome do amor
Que ouve os pensamentos que desdobramos como orações sem voz de nossos corações
Pra esta voz
Peço criatividade
Para lançar-me ao abismo corajoso
Não temo meu término
Tremo em meus termos
Ah é esta guerra que quero lutar
Pela Paz
Libertem-se
Libertemo-nos
Abram suas mentes.

Abro-me à minha condição
Isto tão tão pouco que é meu tudo.

Meu tudo.

Este tudo que é meu
Não que tudo seja meu em tal sentido.

Quem sabe este não seja o axioma exumado?

Talvez
Talvez não tenham devotado-se à questão inferente
Os obcecados pelo poder
Fanáticos do lucro
Azedos bufarinheiros
Talvez não tenham se dado conta de que o tudo que lhes pertencia não era o tudo que a todos pertence
E sim somente o tudo do si que a cada um pertence.

Pertenço-me a mim
Pedras e cascos à parte
Sou a vitória de mim.

Quero minha liberdade
Diabos quero minha predestinada liberdade!

Quero o sonho fulguroso
Dos samurais mercenários de Fidel
Trucidando a máfia do sistema bancário internacional
E dando ao mundo linha
Ah linha
Pelo amor de todos os deuses
Linha ao homem
Linha ao amor do homem.

Pra que mergulhe à treva calmo e lúcido
Paciente
Na pesca moderada harmônica
Pra que esvoace azuis e chumbos
Ardente
Como papagaio verde e amarelo com sua rabiola alegre
Linha ao homem
Linha ao amor
Pra que as estradas se entrelacem em torno do mundo
Pra que todas direções enrendem-se
Em tranças luminosas transparentes
Cristais rosas solertes
Linha pra que todas nossas teias se interpelem
Façam fibra
Firme tênue esgazeada
Fibra de seda de teia de mel
Densa pouco a pouco
Tecida pelos sonhos dos andarinhos
Esticando as linhas da sabedoria
Ah dou linha
Dou linha e já em pouco ela se me faz indisponível.

Ah o fim da linha
Ah os porquês e poréns
Desavenças dos desbens
Ah esqueço-me dos objetos
Quero ser tudo sol e nada mais!

Ah o fim da linha
Nobre pausa
E vejo meu carretel
Reclamando
À gravidade do vento incitando
Sussurrando um urro de júbilo
Urro jubiloso silencioso da linha que quer se despregar do carretel
Ah e meu carretel
Que sempre usei sem nó
Que sempre brinquei de ir deixando assim quase livre à tormenta
Range também quase escapa entre o suor forte dos dedos!

Ai fim da linha
Já sei que me invento
Faço-me também catavento
Mordo a linha pela ponta
Vou bater asas e o pipa que me leve
Me ensine a voar
Ah sim
Ah suntuosa supresa
Banho em nuvens de morango
No cair da tardezinha
No sorvete de azul
O pipa me arrasta pelos céus
Entre nuvens mais e mais escuras
Parece atraído pelo tufão
Segue reta direção
Quer o âmago da tempestade
E me deixo arrastar
Me afogo em frio sem peso
E a vida se me escalda
Fremo pés me enrodo e valso
Vejo a trovoada escondida
Faíscas monstras rubras esverdejantes
Nadando dentre nuvens dum tornado
Dum dos grandes
E sem querer querendo
Se me solta a linha
E já sei voar
E já sei crer
E sigo a rota da emoção
Sigo o pipa vórtice adentro
Sou grato por ser leve
Rebocado pelo peso do amor
Peso infinito e paradoxalmente sutil
O Amor são todas as gravidades.

Todos os pontos em alinho
Ah incrível harmonia
Ah maravilha tão banal!

Supero-me
Vou além de minha vingança
Deixo-me levar altivo
Ao zéfiro final
Esquecido de meu medo
Vou de encontro ao funil
Não sei mais que fazer
Dou-me por amor
Dou-me à razão áurea
Dou-me radial
Xamã pretenso de subúrbia -
Não é por vingança que realizo-me
Mas ah bela vingança faço-me esquecer de ti também
Que a grande obra não há-de nascer duma vingança lógica contra um oblivion asceta já manjado.

Sim
Ela será a vingança lógica perfeita contra o oblivion asceta já bem manjado
Mas não porquê tenha se empenhado em ser isso
E sim porquê tenha se empenhado em abrir-se ao amor.

Ao poderoso regulador
Médico e louco inato
À verdadeira escola
Ao sapientíssimo estudioso
À busca pela grande saúde zoroastra.

O Amor há-de vencer
O Amor sempre vence
Dum jeito ou de outro -
Uns verão deuses descendo dos céus
Outros dirão que foi tudo uma grande armação.

2 comentários:

r.... disse...

Céu pra alguns, inferno pra muitos! hehe

r.... disse...

Pensando melhor, que até lá seja céu pra todos, ao menos muitos... e inferno pra ninguém, ou pra pouquíssimos!

ESTÓRICO