Mixolídios

O xis da questão
Sonhar e amar
Sortes e revézes no jogo da vida.

Pranto desesperado eclodido
Ao me aperceber que a última grande guerra dos homens
Foi entre o mundo que queria tudo para todos
E o mundo que queria tudo para ninguém -
O capitalismo venceu.

O capitalismo venceu a grande guerra.

O mundo eram socialistas versus capitalistas
E o capitalismo venceu.

Olhando assim simplesmente
De repente explodi em pânico
Mal podia crer
Na lição absorvida tão tardiamente.

Quisera transmitir ao próximo
O suave calor desta modéstia
Imponente calmaria guerreira
Quisera fazer vislumbrar ao incrível em nossa fruição
Este amor que acalento
E que me sustenta
Amizades fundas e veras
Que desejo a todos
Que desejo a todos que enfim alcancem estatuto pra isso.

E quase vejo este amor em contraste com a vitória
A grande vitória do capitalismo.

Me exaspera
E dum modo exagerado me sinto insosso
Talvez por estar sufocado na mídia
Meretriz do bizarro da carnificina
Me exaspera esta vitória
Me fere
Ah como fere meu coração
Ah como rói o verme
Como me é incompreensível isto
Esta nossa ignomínia
Transparente
Minha nossa tão transparente translúcida
Nossa estupidez pra com o organismo
A estória de nossa terra.

Que esquecimento
Que mortal perdição -
Mas me imponho então dúvida
Enfim repenso
Digo quem sabe
É talvez quem sabe
Não tenha sido algo tão fundamental
Talvez a aparência deprimente ípsis líteris
Talvez a lúgubre aparência tão tão real tenha uma explicação inocente
Mesmo que perversamente violenta ainda assim inocente em sua medida humana -
Talvez o socialismo soviético fosse afinal cooptação a uma ainda mais obscura cegueira
A um ainda mais profundo martírio espiritual.

Mas quem tem tempo pra tais talvez hoje em dia.

O dinheiro respira
Abstrato já
Que o ouro hoje é lastro mais à alquimia que ao mercado
Que o mundo hoje se vende e compra a título de hipnoses
É esta a corrência moderna
Bota-me em transe exige a moribunda
Bota-me em transe e delírio reconfortante de transe abandonado
Bota-me em desconfiança e ânsia de partipulação intransigente
Imperialista irrazôneo -
Interrompo-me
Por alegrias de desacasos
Desacordos ásperos.

Que importa minha lacrimação estéril
Que importa a parafernália do rancoroso.

Quero sol
E sol hei-de ter.

Quero sol
E já o tenho
Mesmo que sob luar carcomido de foligem de escapamentos
Vem-me o sol
Pelos cabelos adentro
Vem-me o paterno
Duro em sua nitidez
Resolução infinitesimal
Do ventre da memória
Do núcleo do agente
Da essência do ator -
E sorrio
Como não houvesse nada mais que fazer.

Sorrio
Pois que não há nada mais que fazer.

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