Canção para a Amada Adormecida

Sustos de amor.

Ela me dá
sustos de amor.

Chega pulando meu portão
Me surpreende
lavando as louças -
De sopetão!

Ela
tão aguardada
A mais amada.

Ela gosta de doces
ela dança docemente
Ela -
ela sabe se cuidar.

Ela tem sabor
sabor de amor
ela é bálsamo sobre a dor.

Vanessa bailarina
Vanessa cósmica ninfa
Vanessa musa do amanhecer
Vanessa sabe quando emudecer.

Sustos de amor.

Ela gosta
de me pregar peças
chega de fininho
passinhos cheios de calor -
Ela é tudo que pedi a Deus.

Mestra e aprendiz
é ouro tudo o que diz
Vanessa é jovem e anciã
Rainha de invisível clã.

Ela sabe bem o que quer
sabe quando quer parar
Ela purifica o ar
pinta e borda o ser.

Vanessa nua
sonhando em minha cama
Vanessa valsa
embala ginga na trama -

Vanessa tem fome
fome e sede de alegria
Vanessa sabe mastigar
pérolas e diamantes da magia -

Vanessa…
Vanessa é real?
Vanessa não tem igual!

Sustos de amor
peripécias feminis
néctar de almejos viris
séria feliz ela é ardor.

Sustos suspirados
surpresas de bem tranquilas
toques segredados
suas vozes coloridas -

A intimidade mais pura
descalçada para voar
ela carrega em si um mar
receitas da melhor loucura -

Vanessa
oásis vivo no deserto
Vanessa
gatilho de tiro certo.

Sustos de amor.

Ela me dá
sustos de amor.

Crepúsculo Psicotropical

Cai a noite paulista
A palavra pede arrego e descarrego

É disso que se há de sentir saudades
São essas as saudades que vou fazemdo
Aquilo que despois vou dizer que foi o mais bonito que vi e vivi

De pena branca ao cangaço 
Estremelicando sutil baforadas cervejentas de meu orgulho brasileiro
No baião de roda no passinho saci que vem desvendando o coração

Pelo passeio demorado
Em avenida conturbada de feriados
Papai noel nalgum lugar tece fantasias reais

Há quem presenteie mesmo o indigente cadeirante de pele negra tão negra mas dentes bonitos que não deixam a gente ficar com dó

Deus há de cuidar
Que eu me cuide pra que o Senhor cuide de mim

A noite cai
Sonhos nascem sonhos morrem
O coração pulsa alto e há uma pitada de loucura na felicidade mais profunda

Clássica esquina afinada em humildade
Sob postes caiados do alaranjado do magnésio que se mistura com o por do sol

É dia e é noite e a batucada respira
O ganza sacoleja e bebo paz

Mansidão é meu nome do meio
Que o primeiro e o último nem te conto

Sofismencantos

Da treva nasce a luz
E o negro é o pai da liberdade

É disso que vou sentir saudades
Que vou lembrar de quanto é bonito
Essa esquina clássica que é a suprema consolação

Daqui ao paraíso num passo
Mas meu negócio é capote valente
Trisco farpelo me divirto rente

A magricela de shorts laranjas levantou pra sambar

É contágio de alegria e a cerveja do poeta não pode esquentar no balcão.

ESTÓRICO