Clique

Ainda está tudo em tuas mãos
O tempo que passou voltou
De todo pesadelo se acorda
Pro grande sonho que é a vida.

Há sempre todas tuas escolhas
E há sempre também uma melhor escolha
Família vem primeiro como se diz
As melhores coisas da vida são de graça.

Lembra-te deixar que as alegrias de cada dia
Engatinhem pra debaixo de tua pele
Deixa começar os novos começos
Que tudo há sempre de melhorar.

E irrompe teu pranto em permissão
Abraça forte e afaga cada mão
Que o triste e o doído não
Bem fazem firme a lição.

Gansarada

O vê de vitória é nossa formação
Coletivamente economizamos ação
O parceiro às costas ao vácuo lucra tração.

Os do fundo grasnam firmes incentivos
Os da frente intrépidos revezam altivos.

Na busca de mares ao sul
De verões sem fim
A balbúrdia de asas troveja
A migração do instinto à cor eterna.

Todo bicho é um além de si
E o bicho homem que será?
Que golpes pra psiquê se conquistar?

Ilhotas desertas são o repouso
Em meio às tempestades inglórias
Se um queda ou se morre
Dois atentos acompanham
Imensa família sem sobrenomes.

O gol é a potência sempre crescer
Cada nova geração mais gênia florescer
Mistérios fênix vez e outra a renascer.

Plim

Certa feita disse-me a filosofia
Ama ao querer que te inspira a morrer
Cultiva a vontade não a deixa esmorecer.

Certa feita disse-me o profeta
Do futuro desgrenhado de fragmentos
Ama e te devota à visão mais límpida do sol
Põe abaixo a vingança e ergue o palácio da alegria.

A guerra não é mais entre ricos e pobres
O embate de classes é poeira de biblioteca
Hoje há um grande irmão que nos contempla
Sua maldição fraudulenta é oxigênio cifrado
Corporocracia mascarada duma vã tirania.

Suspenso em alienação criogênica
O relâmpago partiu-me em mil
Denovo e denovo até fazer-me em pó
E soprado em ode eólica fui varrido pro vazio
O desatino do esquecimento destituiu a prosa
Até que um Leônidas seletivo me convocou
Bradou não à misericórdia não à rendição.

Certa feita algo em mim quis morrer pela virtude
Como dádiva inequívoca à terra que me pariu
Vis retribuições pelo sangue que me corre.

Certa feita aprendi e desaprendi a superação
Afogado na moléstia corrupta do cotidiano
Perdi-me da sina violenta de guerrilheiro
Por força de paz romance brio e atino.

Até que o destino colheu um botão branco
Regado do plasma e da própolis da loucura
Floresceu confidente o desejo ardente
Decisão irretocável de batalha pungente
Quis novamente crer nalgo por que cair.

Vesti uma armadura flúor em sétima dimensão
Armei-me ao dentes de saber e conspiração
A guerra corria silente e poucos reconheciam-na
Mas o coração derradeiro atirou-se ao precipício
Acreditou outra vez que o melhor a se viver
É a causa impétua pela qual valha morrer.

Indefectos

Pra meio entendedor
Boa palavra basta.

O necessário é o ânimo
Positividade no hálito que expira
Cobro resenhas de sentimentos duradouros.

Refresco-me ao látego
Carrasco de fadas apetecidas
Sou o compromisso com o mundo
Enamorado profano e totalitarista ingênuo.

Por vezes odeio-me
Como o tirano odeia o medo da derrota
Como a musa odeia a petulância pestilenta.

Mas no mais tenho fé
A esperança de olhos verdes como o mar
Confiança de que a vida dum ou doutro modo nos redima
Certeza de que cedo ou tarde toda renúncia honrosa é paga em dobro.

ESTÓRICO