Prião

Forquilha fatal
Das decisões que não são nossas
O gol de placa
É o retornarmos às nossas essências.

Conhecer os vizinhos
Arte perdida da sociabilidade
É inda normal às favelas de barracos.

Socorrer ao próximo
Dádiva cabível só entre os paupérrimos?

Alguns ensinavam generosidade
Às avessas
Em motocontínuos do marketing
Tiranos novos globais.

Mas a abiogênese se repetiria
Incessantemente
Da rocha e da areia nasceria sempre
Caule incontível
Da vida que faça melhor da vida.

Vésperas

Bricolagens do destino
Couraças mil camadas
Cada tom inescapável.

Bolhinhas saltitam
Beiçoladas castas
Sob véu gorgulha
Róseo caldo anis.

O mote do número
A rima bem branca
Castrada em cifras
Um ciclo de trégua.

Anteparo nostálgico
Lembranças refeitas
Casulos engrafados.

Distração

As piores perdas
São as que perdemos sem saber
Sem notar.

Ele vivia dileto
Vez ou outra por sorte ou azar
Via seu reflexo nalguma água
Parecia certo que ele mudava
Mudara das faces nos contornos
Mas ele não sabia ainda
Que o tempo existia.

Antes da palavra
Não havia o silêncio
Era a pedra eterna
Momento sem movimento.

As piores perdas
Eram quando dormia acordado
Não via a banda passar.

ESTÓRICO