Jostal

A densa floresta
Puseram abaixo
À vácuo e pressão
Incinerada ao toco.

Virou o carvão pro churrasco
Cuja embalagem em letras verdes
Descrevia em caixa alta:
Ecológico.

Teoria Da Constipação

Olho
Mas não toco
Pois há mão à palmatória.

Toco
Mas não provo
Pois há língua à maldicença.

Provo
Mas não engulo
Pois há goela à guilhotina.

É tudo mentira
Porque o mundo
Não é bem como nos contaram.

É tudo verdade
Porque no mundo
Dão ordens os que conspiraram.

Nas vitrinas
Ofertas e saldões
Pregões de almas
Liquidações de traumas.

Nos passeios
Pedras e topões
Camelôs de sonhos
Ambulatórios bizonhos.

Pouco que tenho
Pouco ou nada vale
Não aliviou cenho
Escolhi bem malemale.

Pouco que sinto
Pouco ou nada conta
Ainda assim minto
Perdi o amor de tonta.

Sonho
Mas não lembro
Há realidade que me apaga.

Vivo
Mas não vivo
Há uma nova ordem na praça.

Post Lumen

Não basta
Viver intensamente.

Tem de
Viver intensamente
Em busca do sonho.

Não basta
Ouvir atentamente.

Tem de
Ouvir atentamente
Em busca do sonho.

Por que será?
Indaga a criança
Porque vos pago
Troa o crescido -
Mas
Pagar
Não é amar!

Pode estar
A vida toda
No mesmo lugar
Mas sempre outro
Ele se vai remostrar.

Daqui
Às estrelas nem ar
Ao perfecto nem til
À vitória nem ypsolom.

De vagar
Vinha lisura
Pelos pêlos
De ouriços eriçados
Polpa amendoada
Do crú coração de deus.

O anel do sucesso
E o do retorno.

Átmos

Tinha o tíquete
Cine surreal
Filme de jurema
Era um chá preto
A antimatéria.

Doutro lado
Crocodilos deuses
Lascivos curiosos
Um mantra cósmico
O multiverso na preza.

Infinitos tudos
Na catimbada sã
A cúlmina ciência
Explorar o além
Resgate psiconáutico.

Cosmotrônicas
Transdimensionais
Da vida inescapável
Ah pobre ingênuo
Da urgente vida
Que jamais se escapa.

Pré Fira

Melhor a banalidade
Sensível e atenta
Que a balbúrdia
Rebuscada e atropelada
Dos tais apaixonados.

Melhor a cabeça fria
De sonhos mundanos
Que a pressa exagerada
Dos que buscam resolver
À dita tragédia da vida.

Melhor o azedume
De sábios limões
Que o doce nauseante
Da bondade deslocada
Da justiça invasiva.

Bloguesfera

Meia-noite profunda
O relógio se apieda
A coruja pita.

Viemos pra quebrar tudo
Arrasar com a festa
Sermos os maiorais.

De gramáticas deslavadas
Bebendo dízel e água-raz
Prenda-me se for capaz
Se resistirdes às marteladas.

Marmeladas suntuosas
O mundo seguia cabrão
No mapa mal entendido
Não eram países e nações
Que as fronteiras repartiam
Eram fazendas
De gado de gente.

Da Lesgalidade

Tostal
A morfetização.

A vida não é justa
É folgada.

Vou passando
De passo em passado.

Estendeu?

ESTÓRICO