Intrometês

Loguim
Log ohm.

Ágeis ao banho
Expertos brincando
Um zilhão de comunas
Trocentas troças em trama.

Qual a senha?
Passe word!

Passe quente
A batata al dente
O ferro à tábua
Ultra pace à mágoa.

O crunch da coisa.

Logos alt.

Alemidades

Quando achei
Que o mundo acabara
Dei de caras
Com sua segunda parte.

Pediam-me
Amor
Responsabilidade
Pediam-me ajuda
Socorro urgente!

Quando ouvi
De mim o que vivi
Chorei
Ranhei mas refiz-me.

A música
Pedia-me dança
Pés acesos
Pediam-me força
Foco
Clamavam entrega
Entrega ao rústico!

Entrega ao controle sobre a entrega
Entrega alerta
Coroada de begônias
Macia alquimia
Das esferas absolutas da cor e da dor!

Entrega densa
Aglutinando tino
Criando núcleo
Buraco negro esfaimado
Ah quanto não é ser
Ser!

Ode Escorraçal

Perdoai-nos
O mau jeito
O soco reto
Contra magras costelas.

Perdoai-nos
O desfeito
O toco certo
Contra focos estreitos.

Banidos
Os bramidos
Os sonsos pêsames
Enxotados.

Lacerados
Os laços vãos
Os pontos sem nó
Sem dó.

A derradeira imagem
O valor sem nome nem número
A tão incomum origem comum
O arrepio da coroação.

A nau paira
Clímax sutil
À bordo da arca
Sonhadores
Livres pensadores
Teóricos conspiradores
Miríades de elfas.

A barca do amor
Voa bela
Sem remos ou velas
Rebocam-na
Por invisíveis fios
Todas as borboletas da vida.

Égua De Tróia

Onde estariam 
As fronteiras?

Pisquei e então

O limite escafedeu?

Onde estariam

As bordas do som
As paredes da luz?

Flertei e pois bem

A pátria se espaçou
A nação desabrochou?

Aonde iriam

As linhas xenófobas?

Tossi e então

O preconceito morreu?

Praonde iriam

Os traços que separam
Os conceitos que isolam?

Pitei e pois pois

O pensamento abriu
Deus a si mesmo pariu?



Extranheza

A solidão
É o lar
E a cura.

Tem-se de aprender
A diferença
Entre ela e o abandono.

O abandono
É de si mesmo
Desapego que
Muitas vezes
É um pecado
Contra a vida
Pulsante.

Mas a solidão
É o recolhimento
Da mãe precavida
Digestão da jibóia
Poderosa delicadeza
Em destilação.

Pra que se alcance a plenitude
E então só assim
A capacidade de interações criativas.

Tentafeita

Glória
Que glória há
Ao nato bebedor de água?

Que glória há
Ao de todos mistérios ciente
Que glória ao toupeira leal e duro?

Ternura
Que ternura há
Ao conspirador reincidente?

Que ternura há
Ao camponesito de bons gostos
Que ternura ao bravo sindicante em suas sandálias?

O sol doutra vida
Resplandecia ainda oculto
Irascível futuro pardacento
De folias anciãs.

Responderia diferente
Cego e incorruptível
Ao apelo final
Abrir-se-ia.

Contornaria eixos
Alongando omoplatas
Tornaria-se a própria música
A paixão autônoma suprema
Da arte mais nua
Do palco na lua.

Cavocações

Transvidou-se.

Possuía
A noção de que nada se possui.

Havia pito
Que o acompanhava volátil.

Cachoeiras
Pocavam
Em estertor de oásis
Ao deserto do labirinto
Matas e chuvas
No antro sacro
No vão infinito do si e sua imaginação.

Era lúcido
O sonho
Selvática ao faro
Precisa e perversa
A grande mãe regia
A orquestra rejuvenescente
Fornicar de supernovas eternas.

E ao desafio final
Endireitou-se
Deu-se
Para poder ouvir
A face inefável do presente.

Transvívido
Impudico sob o sol.

Papada

De quando em quando
Enquanto em encanto
Alquebra-se em pranto.

Alquebra-se jovem e senil
Sob o pranto que transborda
E transgride a esfera sem borda.

De quando em quando
Nota-se valoroso
Relembra a sã paixão
Da adolescência idealista
Perde-se no eu passado
E faz trampolim ao eu remoto.

De quando em quando
Nota o mundo pavoroso
Recorda-se das dores mais pungentes
Ah as dores mais pungentes ele sofrera
E elas eram o crucifixo do comodismo
O planger era pelo homem que se perdera.

Sofrera antes por si
Por seus próximos
Mas quando enfim descobriu
Qual era vera a pior das dores
Engasgava em mordaças
Via o homem de frente à televisão.

Sofrera muito por si
E por seus chegados
Mas a dor mortal era pelo homem
A escarra tenebrosa era o medíocre
Ai como chorou então pelo homem
E como aprendeu a desprezá-lo.

E por desprezar ao homem
Aprendeu amando a mandá-lo
Mandando então em si
Mandou-se à virtude
Aos raios que nos partam
Ordenou o fim da ordenha
O fim do ordenado.

Defronta

Querem lavar-me
Despejam a química
Solventes alergênicos
Cândidas conformes.

Querem lavar-me
Mas esta lama
Estou vestindo
Viva cor no cinzeiro.

Querem educar-me
Servem ração
Apóiam a inflação
Mulas impudicas.

Querem educar-me
Mas este bordão
Estou zunindo
Punho e prumo agreste.

Querem benzer-me
Sufocam o tempo
Vendem em partes
Mentem inocentes.

Querem benzer-me
Mas este ímpio
Está desperto
E não volta mais a dormir.

ESTÓRICO