Córgos Elíseos

Fazendo justiça com os próprios pés
Me dou conta
Do espírito da dança
O grande espírito de plasma que nasce da confluência de nossa entrega
A borboleta viva
Nascida de nós e além de nós
A borboleta que já é
Magia da vida que só quer que se aceite
Que só quer que se encare que já é
A grande borboleta da dança já é
Basta reconhecê-la
E relaxar
Relaxar em seus eixos e vórtices
Tornar-se borboleta e espírito de dança
Na mais simplória destreza
Amor pelo tudo que nos rodeia.

Abro meu coração
Crio espaço em mim
Pulsos firmes e dedos soltos
Sou expansão em demonstração
Sou o oito malicioso recluso na caboclagem
O infinito recorrente escondido no rumor do vento.

Às margens do nosso Tocantins
Ribeira acima da nascente sacrossanta do Alto Paraíso
Reencontrei minha família atemporal
Fugi transfugi
Saltitante e alegre
Rumo ao silêncio profuso da emancipação
Direto ao núcleo sem nome do mundo
Mergulhos ascendentes
Fazendo vida da vida
Em guerra e orgia
Escapei do tempo
E o relógio maquinal de minha rotina
Foi substituído pela ampulheta do amor que gira estranha e corre as areias da saúde.

Escafedeu-se de mim aquela pleura
Êta prêula
Pão de abóbora cerradence
Tantos risos e sementes
Parás cajús girassóis amêndoas a varrer
Me afoguei nos picolés e nadei em lagunas de sorbê artesanal
Lindos nomes a granél
Murici buriti araçá jaca cajamanga mutumba tapioca coalho do sertão itaberaba jaboticaba que me perdoem as síbalas descalças desencaixadas que a memória não permite tanto e vai que vai de frutas do sertão tantas e tão saborosas
Me perco nas saciedades
Os saltos de dúzia de metros de altura
Do alto de pedras belas mergulhos cristalinos adrenalizantes
Olha digo-te
Não passe esta vida sem conhecer o coração de cristal da Brazyw amada
Duzentos káême ao norte da capital atual
Descubra qual foi o dragão que São Jorge venceu.

Aquela água carrega todas as respostas -
Chapada dos Veadeiros -
É só isto que lhes peço queridos
Caros caríssimos
Sem preço
É só isto que imploro
Tão estranhamente
Sem vírgulas nem sotaques
Chapada dos Veadeiros
E que ande os dias não vacile
O dia começa quando o sol nasce
Levante-se então e faça correr tudo que ainda corre em ti
Vá de bonde da alvorada
Pegue carona com o calor
Fulgor do pai
Cérebro solar
Cérbero sonar.

Líquida
Ela voa
Sempre
A grande borboleta
Do tudo que já é.

Não desaconselho muita coisa
Prefiro cantar alegrias e guerrilhas
Violei o sentido do juízo
Ah graças aos bons céus
Violei a seriedade da comédia suburbana meioburguesa
E pralém do bem e do mal
Aprendi a realmente literalmente abrir meu coração.

E as omoplatas se afastam
E o peso some.

A lagarta
Pasma
Virgem ai tão virgem
Casulo afora.

Exemplos então
Cito-os desordenadamente
Pra dar cor ao sabor -
Primeira balsa já de cara com o grande trovador do sertão seu Joaquim Falcão ô santa benção!
E então Reginas e Joanas e Ninas Marianas ai santa Lígia Calipígia teu rio de rosa sinergiza
E a direção e os irmão
Ô povo sofrido
Mas putaquelospariu quanta alegria
Em terra batida
Em empreguinhos fodidos
Em muito abandono quase uma idade das trevas
Mas santa comadre do Bonfim cacetada quanta alegria
Quanta densa e torpe e tirana alegria
Quanta sagacidade genial
Expressa na troça caipira do negão largado
Forte como touro
Culto como poucos
Um engenheiro cósmico dentre tantos esquecido nos origamis dos judiciários e dos noticiários
Ai esta terra sem nome que habitamos
Tão poderosa
Pindorama sem fronteiras
Esta tribo vigorosa
Sou-lhe grato
Repisamos o ventre inócuo
E sou-lhes grato
Pelo relaxamento
Pela comunhão
Pela conquista dedicada que alcançamos no gingado rodeando as fogueiras.

Bioenergéticas
O Projeto Xangai
Demônios escorraçados e micróbios desinfetados
Larguei treze macacos nas orlas dos deltas e parângulos da ilha pluvial
Que aliás bem se lembre
Está prestes a ser afogada no tóxico projeto de mais uma barragem mui probabelmente a ser embargada descaradamente lá pelos entornos e adentros do Tocantins
Hidrelétricas lindas
Esquentando os chuveiros e torradeiras do oblivion Hiroshima Nagazaki.

Mas aqui é mais
É ENCA
É Zé Celso
Caetano
É mãe da lua e bandeira branca -
Ai como ia amar o passeio dos cânions e o vale da lua Dalí Monet VanGogh
Surfe de cristal
Vôo ultracentral
Magnetize-se ao teu objetivo
Crie força de repuxão em direção à tua meta
É este o segredo
E então a atmosfera te arrastará
Basta que sigas a rota da vontade
Não terás peso
Será dente-de-leão solto lúcido lúdico siderado
Anos e anos à brisa
Entre áfricas e américas sempre
Indo e voltando
Nos caprichos das grandes tormentas e vendavais.

Quanta gratidão.

Agradeço aos que amam.

E especialmente
Agradeço aos que amam duramente.

Segue então o famigerado projeto
Planejamento Integrado de Recursos Energéticos e Alimentíceos
Os Joãos Paulos da nova era que nos ajudem.

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