Na Berlinda

Benção do vazio
Espaço vago dissoluto
Tudo que lhe restava
Era saber respirar.

Os grandes olhos da criança carente
Encaravam a pior resposta concebível
O silêncio mortiço amargor da injustiça.

Mas ah sábado incomum
Num protesto pacífico
De krishnas e haribôs
Indigentes largavam-se tranquilos à calçada
Sastifeitos da prachada vêgan grátis
Consagrada em plena avenida paulista.

A índia palhaça salvatriz
Mãe de luz na procissão
Alegrou sorrisos na sem lar
Fez dourados até as horas
E sob suplícios de não se vá
Chorou por ter de ir embora
Ter de tirar a maquilagem
E deixar de volta a criança
No anonimato da estatística.

Um comentário:

Muitas Outras de Uma Só disse...

Irmão, tens a benção das palavras!

"tia, não vai embora!"

Aqueles olhos...

Meu amor por ti é incondicional!

Beijos, FDNHO!

ESTÓRICO