Lucidez

O amor é a ardência
O passo de dança mudo
Os interruptores ligados.

O amor é foco sutil
Que faz mudar toda vida
É a liberdade doce de despertar
A constância da luz que aquieta
A atrocidade estelar que regenera.

O amor é a fome do saciado
É a maria das dores que quer ver todos em harmonia
Que quer sentir paz pra sempre
Mas uma paz louca sacana e safada deslumbrada.

O amor é o ódio do desgastado
É a calma alerta do confiante
A rubrica divina inconfundível.

O amor é a fé cética do maturado
Sobriedade deslanchante do dançante
É a coragem séria do pirofagista
Riso estranho solto do que vive de arte e amizade
É a batucada incendiada interrompida pela intolerância
É o pesadelo sangrento que ensina a reciprocidade.

O amor é a interdependência universal
É a ponte viva entre tudo que é vivo
É a inteligência do instinto degolador
As mãos calosas do gênio escultor
A boca seca do maratonista vencedor.

O amor é o bom futuro partilhado
Frutos da colheita unificada
É a pimenta e a banana no arroz com fejão
É todo beijo dado em hora e lugar certo
É a tristeza inelutável do espontâneo.

O amor é o brilho no olhar
É a cumplicidade de todos os sorrisos
Núcleo pulsante de toda boa emoção.

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ESTÓRICO