Bacolejo

Era-lhe estranho e engraçado
A agonia alegre de sonhar acordado
Surrealizava.

Era-lhe obtusamente impostergável a revolta
E depois isto soava-lhe estranho e engraçado
Negando o fato de tanto ódio em sua raiz
Era-lhe misterioso perceber a diversão nascida daquilo
Tudo nascera duma revolta duma negação enfim percebeu
Lembrou-se da hipnose que instaurara em si mesmo
Estalou dedos
Disse uma palavra chave -
Yggdrasil -
E os cadeados se abriam.

E do perigoso não
Do ódio pra com o tudo de onde viera
Dali se ergueu escadaria de mármore rosa
Às alturas e distâncias que convencionou chamar sua cultura
Ai pequenez humana
Daquela revolta daquela liberação violenta
Desabrochara a flôr
Em flôr o coração
A emoção
Solta
Coqueiral sacolejento em Boipebas.

Então dera-se conta
Vinha-lhe sempre tão naturalmente
As coisas forçosamente faziam sentido
Iam pra todos os lados ao mesmo tempo isto notava-se
Mas este destino sem alvo viagem incrível
Ah ele voava alto como a infância que nunca se esqueceu de si
Como o artista que põe o máximo de si em sua obra
E pode ver a carne alquebrar-se
Pois que o melhor de si ficara
Fique como fique
Se é que fica
Mas no momento que foi
Ah sim
Aquilo
Se possivelmente revivido ou sonhado denovo
Aquela lembrança flutua
Na goiabada fumegante
Escondida nos repiques do sol
Talvez até pudesse-se ir além
E aprovar tal descompasso
Sanando tudo dizendo que sim
Denovo sim
No momento em que aquilo há -
Aquilo que é isto
Isto aqui
Bem isto sim meu cólo
Meus braços coração
Meu azul
Que não é meu em verdade
Nada é meu
Não quero ser dono de nada
E então sou dono da maior liberdade.

Ainda contava centavos
Seguia o sonho já sem fantasiar tanto
A gravidade duma rotina atraente
Hábito em desmando numa rotina inédita
O grande calor de súbito surgia
Multiplicamos as apostas
Enfim a infame e correta devoção
Ritos de amor entre espíritos musicais.

A vida ainda empurrava-lhe a cabeça
Pra baixo
Pro chão
O chão sim o chão estúpida
Coisa esta que tem também outro nome senão mãe terra!

Do chão não passa né?
Também não se sonha bem senão mundanamente.

Poderia chamar-lhes motivos
Razões circunstâncias
Pode ser só perfeição inevitável
O que quer que seja
Esta ilusão de movimento dentro do eterno pétrio
Cenas que pensamos virem antes e depois
Nomes que pensamos nos fazer lembrar de coisas variegadas
Ai que é pensar que é julgar -
Bizarrices interrompantes
Babilônia fede
Simplificando.

Postura
Respiração
Concentração.

Ah se fosse assim mesmo tão simples!
Ah ingênuo queres apequenar a face da vida!

Sim me entendo
Não há como desenhar em letras minha mesma face
E a esperança que fica
É que nas entressílabas nas linhas tortas
Fique clara a intenção
Deste sorriso.

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ESTÓRICO