Trimão

Se na prática
não há diferença
entre o eu e o objeto,

se sou das coisas o mesmo
em quântica inefável
se sou pedra e ar...

Mas há nisso desespero:
ser todas as coisas -
e nenhuma!

Pois se fria e calculadamente
sou o dentro e o fora imoderados,
poeticamente

abraçadamente
há sim uma linha esgazeada
que me permite um nome entre nomes...

aquilo mutável
vulnerável mas feroz

que subsiste em mim
de toda adaptação

-aquilo que define
esta pele que chamo minha

aquilo que a separa
de uma e outra peles:

não é científico...

a fronteira...

é poesia,
pura e salgada
criação poética...

Um comentário:

Gabriela disse...

parece ato de desespero humano
cada poesia golfada,
surpreendentemente..

Coração bate..
peito enche de ar,

estou vivo...

ESTÓRICO