Abracei o impossível -
Fiz amor com ele.
(de mim parte uma seta de anil chumbado
que atravessa o coração do mundo)
Abracei a vida,
todo seu descaso, todo seu horror
abracei dos males o pior, toda dor
abracei de braços abertos, em flor
abracei a vida e sua violência cabal
E ela
Ah imensa e eterna musa!
Ela com seus braços luzidios
de fúria esparsa e misteriosa
Ela com seus dedos
tateando as bordas reversas do infinito
Ela me abraçou de volta
Ela me sorriu de volta e assentiu
Fez de toda vida o meu despertar...
e então
terei morrido e tornado?
terei num piscar de olhos
visitado a fonte das fontes
reencontrado a origem das origens?
Pode um lapso
a lástima dum átimo de esquecimento
oferecer desta vez uma terceira inocência?...
(de mim parte uma seta de anil chumbado
que atravessa o coração do mundo)
2 comentários:
como um sopro só,
tua, a sua vida inteira
lhe age e reage.
Como um sopro só,
tens a paz e a violência,
o apego e a pertinência,
o corpo solto e a existência,
e a insolente ordem desbravada das coisas,
que te faz sofrer, no exato momento em que insistes em pensar...
e que te faz sentir, de acordo com o vento e forma das coisas...
E como um sopro só
A vida, no teu abraço,
se apresenta,
eis que está aí, inteiramente sua,
caprichosa com a forma que tomar,
é você, quem a vida abraça,
e dá-lhe ordem insana de existir
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