A Falange

Decifra-me ou devoro-te
Brada a esfínxea aparição.

Argamassa indecorosa
Um oceano de caquinhos de vidro nanoscópicos
Holotropia miscigenada ah minha adorada indiazinha
Ah santíssima confirmação
Do direito à folia
Da liberdade ao pé de mim.

Liberdade inédita em imposição
Além das tolerâncias e economias
Liberdade fresca em sagração
Desovando primaveras infinitas -
A grande goela me engole
Entorna-me como água
Sedenta e gozosa
Ah santa gula em farrapos
Nada melhor ela me disse
Nada melhor que realizar uma vontade do coração
Nada melhor ela me sussurrou
Nada melhor que ver crescer um amor se entroncar.

Dê-me o troco
Sem trocadilhos.

E eu a disse que a amava
E confesso-o incompreensível
Ao vão eterno do silêncio
Disse-lha que a amava ainda de novo
E dei graças aos céus por ser ouvido -
Ah o homem em sua estapafúrdia
Jovem troça de si que faço de mim
E repouso-me ao colo
Sente cá peço abrupto.

Sente que lá vem estória
Como dizia-se antigamente.

Sinto então
Sentado sim pois não.

Sinto
Algo que não quero descrever
Nem tentar pontuar.

Sinto minha vida toda entre vinte dedos e treze juntas
A paixão rigorosa a que ela me suscita
E que me faz calar.

Fui falangeado
Em organogravura
Fundido liquefeito
Sou um agora com o caldo
Malagueta em brasa na fervura
Fui falangeado
Pela força do amor
Amor de zilênios pouco a pouco cumulado
No coração do mundo o relicário
Todas memórias dos viventes
Todo amor de toda vida
Em depósitos na Agarta
Vou visito a fonte
Um instante penetrante
Sinto vejo sou a vida e quero mais mais sempre mais
Piscadela escapulida
Sorrisinho trintetrês
Sou um agora triturado
Um com a ponte e com o abismo
Um com a altura e com o declive.

Subo escalo suo persisto
Direi de novo que a amo nisso insisto
É meu dia tua alegria
Dizer-te bela e vê-la livre
Voando atriz com seus penduricalhos.

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ESTÓRICO