Impressões

Cinzas despregando de minha pele
Poeira que se solta no reciclar de meu ser
De sete em sete anos abandono um eu de pó à atmosfera
E com sorte aos quarentedois nasce o sétimo fantasma na carapaça.

É estremecer em dança pra espantar o frio
É mergulhar no rio e tragar goladas de cristal
É ser amigo leal respeitando de tudo o pré e o pró
É viajar o teleférico elétrico da emoção no nó do coração.

Aquele grande é
Aquele grande hmmm
Aquele grande putz
Aquele grande urrúl.

Aipim sertanejo frito à lenha em cozinha de chão de terra batida
Os dois olhos tão negros da indiazinha inexplicável as musas todas
Tudo que se faça com chocolate e café tudo que se chupe até ao bagaço pra degustar!

As surpresas os sustos
Versos em sussurros
Nomes roucos fingindo fronteiras entre as coisas -
Este zumbido irrequieto
Vespa verde do Serengueti
Em vôo aberto dentro de mim quicando entre as bordas dos meus contornos.

Eu de carne e osso marinado em mel e manteiga
Eu pai do suíngue em bebopes e maracatus
Eu meus pés olhando pro centro do mundo -
E não há medo e as cores espiralam o movimento único da vida em meu hálito.

Sei que me tornei um louco
Sei que sou um ignorante evitando quase tudo a que se preza hoje em dia
E queria desabafar pelo mundo desaventar todo malogro deste jogo de azar
Mas já em silêncio me trucido -
Ouves consumir-se meu mundo?

Que resta de mim?
Este furor nas entranhas um quase medo?
Que se fez de mim?
Um tilt transpassado de toda alegria do infinito?
Não se consumou meu mundo? -
Abro todos os olhos venham todas as imagens!

Ouça-se O Silêncio.

As flores então respiram
Fora do tempo -
Girassóis fumegantes.

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