Deletérios

Doces ilusões
Elixires suaves
De nossos encontros perfeitos
Da mistura de nossos sabores.

Penso um zilhão de coisas
E se digo Eu Te Amo
Exponho todas elas duma vez.

O silêncio espanta os medos
Na certeza do inegável
O coração bate rebate
Atrás de grades de costelas.

Seja minha liberdade uma mentira
Seja minha verdade pura imaginação
Seja minha alegria obscura hipocrisia -
Ainda assim a máscara triste compraz.

Tão bem progrediu o homem na arte de montar palcos e direcionar holofotes
Por fim concluiu que na natureza o que não é útil ao homem não é útil afinal.

Não quero mais sonhar com a próxima grande guerra
Não quero mais ter como utopia uma anarquia insidiosa
Não quero mais fantasiar com a chacina dos políticos e bufarinheiros -
Mesmo um idealismo facínora e insidioso calunia a vida
Apesar de denegrir menos o mundo que uma utopia ecumênica.

Sinto-me bem
E às vezes isso me dá medo
Porquê sei que me sentir bem está longe de significar que eu esteja bem.

Porém felizmente
Não me sinto feliz
Engraçadamente
E falando muito a sério
Não poderia dizer como me sinto.

Talvez não seja exagero afirmar que não tenho mais sentimentos -
Sentirá algo o rio foz abaixo?
Regozija ou se revolta o oceano?

Se sou tempestade
Sou tempestade e nada mais
Sem raivas nem remorsos
Apenas a trovoada a enxurrada os afogamentos.

Se sou límpido meiodia
Sou ouro aéreo e nada mais
Sem nobreza nem destreza
Apenas a mansidão a ardência as continuidades.

Que há algo de especial no homem
Ah sim isto ninguém pode realmente negar
Apesar de muitos contestarem veementemente a decisão premeditada ou não por parte do universo de nos criar.

Tem sim algo de especial
Algo intangível perdoe dizer
Que o amor é ainda o bem mais valioso
O amor e os frutos de sua abundância multiplicação de si por si indefinidamente.

Canto de galo abstrato
Substrato sonoro do fato
Palito de fósforo estarto.

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