Féretro

Esquifei-me
Afogado no êxtase do supremo amor
Tantas vezes vítimas de auto-descaso
Embebido de acre vinho
Propedeuticamente
Psicroterapeuticamente
Psicrometrando...

Coisas no caminho
Que fui deixando -
Esbarro em mim:
A pequena que me ensinou tanto sem saber
A má tão bela que me sempre nutriu
Os signos que nunca compreenderei
As melodias que invento
Olhando ao mundo como ouvisse música
Minhas flores depois de mim
Eu jardim
E o medo da vírgula
O medo do fim
Que não se quer manifestar propositadamente
Só mente
Descrente
Mentiroso sem semente
Como alho que nunca fosse dente
Ou coração que nunca fosse quente.

E foi-se a cefaléia
Foram-se a cicatriz e a ferida
Tempo sem medida
Minhas contravenções
Contrações
Desditas.

Uma bordadeira ungida
A prostituição
Agonia inaudita.

Nenhum comentário:

ESTÓRICO