Certa Vez

Uma pomba mui assanhada
Imitou grito pra moçada
Voz de dona
Como falante indiscernível
Se fez de mulher humana
O mito.

O grito
Depois cunharam inconsciente coletivo
Transporte supletivo
Xarope digestivo
Mas a pomba arrasa
Em rasante às testas rasas
Faraônica
Dança com a cabecinha àfrente e àtrás.
Ela também é malandra
Moleca
Caga na cabeça correta
Ciente da hipoteca
Do relógio mecânico e do caramujo
Amiga eletrônica
Do dono da flora e da fauna
Faz o noticiário oficial em assovios e gargarejos
Ecos sobejos.

Conta da Escuridão
Do desmembramento do esquecimento
Deste mundo de cimento
Cinza
O presidente um jumento!

Já roubamos o brilho do céu em tais e quais bairros.
Também às pobres crianças,
Que não mais brincam
Com barro...

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ESTÓRICO