Por que será?
Será porquê
que toda vez
que piso na Bahia,
eu quero começar
a escrever um livro novo?
Será que é
por esse ar,
tão doce e fragrante?,
esse ar
que entra macio
e cheio de cor,
aos poucos
dando novos ímpetos
e redesenhando
pelos prazeres
da pele
a face sensível
do espírito...
esse ar,
frágil
sob a ensolação
que nos dias de sorte
se amaina
sob os nuvenzais
algodoados de cura,
esse ar
que é só o primeiro parágrafo
dum livro que quem sabe um dia exista.
Ou será
pela arte?
Mambembe,
embrenhosa
de titãs
meio caboclos
meio apolíneos,
de amizades
de dedos grossos
e mãos calejadas,
de amizades de bioconstruções
e meditações ativas divertidas das melhores lisergias...
Será por esta escola viva de arte
que a voz rouca da caneta de repente
vocifera, clamando por virgem caderno?
O papel reciclado
é agora ventre desnumerado
da mesma herança de arte sambante
que ama
- mais que tudo - atar e desatar
todas as qualidades dos nós escoteiros e velejadores,
surfe na veia
que nos salva
das resenhas prolixas
que criticam a literatura hang loose
já que jamais souberam
fazer da areia
farofa de sorvete,
segurar
todas as pontas
pra prevenir abstinências.
As serras
seguem
serrando,
marretas
a marrer,
braços
a torcer
e as linhas
a acabar
- e pro livro
não ficar às moscas,
fica assim,
um livro de uma página só.
2 comentários:
A Bahia é senhora dessa magia.
Para uma alma criadora,cuja sensibilidade impera é uma formula poderosa.
Um abraço
Oxe! rsrs. Grande amigo, manda um acarajé!
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