Apadrinhado

A barra
é dura
e pesada.

A barra
é fixa
no esquadro
da porta da cozinha.

A barra
é escola
e profissão.

A barra
é despenhadeiro
abismo inventado
entre uma e outra salas.

A barra também pode ser um galho
que seja bastante rijo e reto para tal,

pode ser qualquer túbulo sólido e horizontal
arejado e espaçado seu suficiente requisitado.

Pendurado na barra
faço dela a quina
do penhasco,

de repente os punhos
são o elo último com a vida
e pergunto inflexo à gravidade:

se em imaginação
esta barra ao pórtico banal
fosse enfim a queda fatal e real,

por quanto tempo ainda
por quanto tempo suportaria meu mesmo peso?

Se a falência de meu apego
significasse minha morte

quanta dor eu abraçaria,
quanta aflição e terror,
quantos partos faria de mim mesmo?...

2 comentários:

Gabriela disse...

quantos respirar conseguisse sustentar... quanto do morrer e renascer ainda identifica alguma forma,
e identidade...
personalidade...
até desaparecer...
talvez...

Patri disse...

Mas a mesma barra pode ser, nada mais, que a alavanca. Alavanca que te leva ao seu fulcro. Ou mesmo, um bom ponto de apoio para cruzar com tua jangada sobre o rio. Tua arma de ataque e defesa. Reiventada em tantos cenários. Com o tempo, que chegue a ser sua bengala amiga.

ESTÓRICO