Natal

Vim brincar com as palavras
Degustar as alcaparras
Ah!, quantas farras!

Quase sempre me farto de mim
Mas raramente em quandos de celebração -
Me gosto pobre podre - se à Festa!
Que mal há no pé duro e forte que pinica a lama pálida e gélida numa dança como o faz o pica-pau ao tronco?
Quanto da insolência que atribuímos a nossas crianças não é nossa estúpida e dócil conformidade?...

Pouco me incomoda a miséria
Que mal há na posse desmesurada de homem sobre homem?
Somos o Dê -
A Modernidade o é, o Excuso, o Roto, o Dito-Cujo horrendo do anônimo...
Este desespero
Que quer culpar ao próprio Inteligentíssimo
Inefável
Irretocável
Inexpugnável Coração da Vida
De íntimas desavergonhadas autopiedades...

Pois bem:
O Sol brota do horizonte
O Natal nos abraça como o mundo faz à borboleta quando sai do casulo
E se há um Tempo a ser vivido
Se o homem é coisa que supõe-se que é
E se cada ato de paixão pode ser consagrado em nome de algo indizível e indelével...

Por um instante
Um lapso de inspiração
Me fugia o eixo de mim
E quase fugia do texto
O poema afogado em si
A história viciada em si
A evolução - A Evolução.

Caríssimos,
Se há telepatia a ser feita
É esta nossa derradeira hora.

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ESTÓRICO