A Treva

Invisível e palpável
Treze juntas vinteum dedos
Vintedois quem sabe contando com a dorsal dois patinhos na lagoa.

O que chamamos cópulo
Duas aves numa mesma
E mundamente às vezes inté mais
Orgias apocalípticas à mansão de Hugh Heffner
Salafrários bancários e outras bancas opacas
Esqueço-me de tudo ruim
Abençoado desapego
Que desagrega o preconceito
Que desdenha a morte e o número
Que quer ver em tudo senão inédita impetuosidade
Que quer entoar o cântico dos mestres de si
Os melancólicos criadores que inventam úteros guerreiros em suas entranhas
Pobres simples humildes universais às margens da discórdia da imprensa e da pólvora.

E o infinito todo é um único objeto
Sonho privado e alheio um único objeto
Vida privada e alheia um único objeto
Numa mesma espiral doce fulgurante
Toda inanição e todo sentimento que há
Nos multiversos transpsicanalíticos de toda latejação molecular viva
E então o cosmos todo como algo estranhamente vivo
Cada ponto indivisível de tudo como uma papila auricular esfuzionante
Cada mínima partícula invislumbrável da existência como uma pequena audição altinossante autocontida
Um olhar em cada tudo de cada nada
A eterna liberdade do sustento de toda rede indefinível.

O coração pulsa
Exige atenção
Quer ser ouvido
Atentamente.

Máquina frágil de meus rins
Ah pérfida beleza da carne crua transpirante!
Ah incrível mormaço da nostalgia technicólor
Tons e jérris pernalongas e patolinos de nossas origens insondáveis
Geme
Mas não lamentes
Suspira lança-te mas de olhos abertos forasteiro!

Fanfarrão
Alienado
Ouvindo pipocos à esquina
Metido a ter medo de balas perdidas
Gaya arrota rúculas e agriões envenenados
E tudo mais que não se sabe dizer
E um agradecimento descartável
Grato mui grato obrigado amigos
Obrigado primos tios afilhados
Obrigado a tudo que é gente que sente gratidão
Agradeçamos
Ao inerte do núcleo do foco
Instinto de fleuma pneumático
Neutro pagão em sofisma tranquilo.

Aquilo que chamaram sentimentos
Se abre com o expandir-se das costelas
Gesto inócuo de espaçar as fronteiras da métrica.

E quando se aprende o amor
Quando se se esforça pelo aprendizado da vera magia do profundo amor lúcido
Não resta senão atender aos chamados
Sair à rua
À estrada
À cata do com que se mexer.

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ESTÓRICO