que hiato é este que dei-me a mim?
ou estarei na crista de meu ditongo?
estranheleza escrevinhante
personalidade parida em esporro meio controlado meio impetuoso
me desleixo
me deixo
quero sempre o além de mim
a saúde de amanhã que é a estafa de hoje
sem rima
sem métrica
sem paixão até
talvez inclusive indiferente pra com o tido como supremamente essencial
talvez um estranho no ninho
explorador capturado por canibais no meio de suas férias
um ser que amarga uma ânsia por sucumbir
quer sucumbir porquê o melhor de si já é inalcançável
quer dar-se alguma folga
mesmo que contando passos ao corredor da morte
quer alguma alegria
ao menos o direito à afirmação solene de pujança
sucumbir violento
um monstro derrocado à força de aço fundido
aço sedento de minha psiquê
lâmina inflamada de minha opinião
espada mortal dum escopo
gira voraz numa cura
a cura da satisfação
mesmo que uma satisfação solitária e incompleta
a cura pela noção de estupidez inescapável numa satisfação solitária e incompleta
quereria irar-me contra mim
escravizar-me a mim mesmo
a obedecer às ordens tirânicas do perverso de mim
só que me neutralizo
em harmonia dinâmica
bem sabendo da indigestão causada pela pressa
dou boas vindas a mim mesmo
estou de volta a mim
vero e grato
bem vindo
seja bem vindo eu mesmo recôndito em minhas entranhas
bem vindo ao domínio de mim
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