Gagá

Estou querendo chorar por motivo nenhum
E por esclarecer isso a mim mesmo me veio solícito um nobre sutil sorrizinho.
"A gente chora porquê quer", certa vez bradei inocente.
Mas chega de confundir canto e pranto.

A verdade é que tenho dançado pouco ultimamente
E o tempo me tem passado rápido demais
Eras todas decorridas num par de horas -
Dores incríveis de vassalos desapercebidas
Sonhos absurdos de mensageiras incompreendidos...
Mas sei que tenho de estar mais e mais vigilante
Sei que tenho de prezar pelas minhas mães
Que tenho de respeitar os incompletos que me permitem vislumbrar uma plenitude realizável...

Às vezes sinto falta de um pranto mordaz que me fustigue com violência
E me lembro da minha adolescência
Dos excessos de maionese outrora em minhas veias
Da falta de lucidez em minhas meditações.
Hoje risquei de minha agenda algumas musas
Por julgar que minha presença não lhes seja mui relevante -
Não quero alimentar esperanças confusas.
E de repente a melancolia me pareceu engraçada
Como uma ânsia de orgasmo que se tenta satisfazer com um litro de sorvete de creme
Como um erro que justifique outro erro
Ou uma hesitação que se tenta afirmar a mais perfeita contemplação...

Importa que à meia-noite o hoje vira ontem e o amanhã se torna o infinito presente.

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ESTÓRICO