Ode à Amada

O dom
de se ser o que é

sem limites ou medo
contido só pelas fronteiras da humildade.

A alegria
de ponderar o que vem

sem folgas ou lasseios
reservado apenas nas noções da irmandade.

A vitória
de alcançar a luz de cada dia

sem correntes ou fardos
obrigado somente às ordens da respiração.

A liberdade
de cantar com o coração

sem berros ou gaguejos
obediente senão à harmonia dos solfejos.

Uma amizade que desafia
paixão provocante revolvendo terra virgem

Um sonho que inicia
despertar de um infinito que se expandia.

A força do silêncio
valsando nas ondas de um mar perfeito

O sabor do mistério
degustado na delicadeza de uma intimidade
- Ah! nobre aparição, sacrossanta rosidade!

Deste-me teus olhos e teu olhar
a atenção e os ouvidos a ressoar

Deste-me a destreza de visões
a pureza e a doçura de opiniões,

Um novo eu
todo novo
transbordando de uma sintonia cálida

Um novo céu
todo novo
colorido na magia de um singelo toque
- Ah! santa revelação, musa desvelada!

Deste tua insegurança
tua fome e tua dor

Deste tudo
tua paz e teu amor
desabrochando em flor,
e era apenas o começo.

Era apenas um começo
que, no entanto, valia já mil vidas.

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ESTÓRICO