Monoliticamente

Uma sobriedade eterna abraçando cada bacanau
Totems com publicidade na banca de jornal
E todos os rios do mundo num só ritmo.

Não há pensamento sem corpo
Começo sem fim -
Tudo propositado:
O canto das cotovias
O frio na barriga prenúncio alegre
O suor nas pontas dos dedos
Ficar de pé em cima da língua nos beijos
Amar sempre como pela primeira vez
Vender-se.

Em irreprimível malícia
Meus poros meus juízes
No sucumbir da ambição
No interagir da perdição -
Roleta-russa de redenção
Mortificante pelos motivos errados.

Bronze polido
O cotidiano nos esmaga com o mundo
Este mar de lã em que nos afogamos
A ignorância feminista
Esta crise de convenções
Desprezo tirano
O olfato destroçado
A grama gélida molhadinha
Gaya girando com o assoprar das árvores.

O horizonte banhado em tinto vinho
Crepúsculo
O gostinho de quero-mais.

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ESTÓRICO