Ainda não sei onde chego
mas sei já aonde estou.
Ainda não sei bem do meu destino
mas mesmo assim estou indo estou indo.
Pra começar vou perdoar
deixar chorar os cortes da navalha do desprezo.
Pra seguir vou sorrir
que é pra desanuviar dar ares de graça ao tema.
A vida é o plim
das varinhas de condão
e o beijo além de ser gostoso
é nutritivo!
O dom da poesia me dá todas as chaves
brinco agora de pinçar fechaduras
paciência à pesca de cadeados
com iscas de suntuosas loucuras bailarinas
iscas vivas suculentas de paixão
pescando fechaduras e cadeados
abrindo portas e portões
baús sarcófagos e porões
caem as correntes da mente!
O dom da doçura
me dá voz forte e inteligível
o som da candura
do tom dinâmico que cura
A voz amável que afaga
o ar quente que me anima
-ah! é este ar que quente me anima
é teu cangote teu regaço
são teus perfumes delicados
ah são estas orelhinhas estas sobrancelhas
é esta certeza alerta que vem cautelosa
passos de lã que trazem consigo a tempestade
minha certeza voraz e fugaz
minhas promessas silenciosas
nos solavancos da jornada
ah estes abraços cadentes
quero a alegria do hálito quente
respirar bem de pertinho o ar doce que lhe escapa...
Ainda não sei onde chego
mas já sei aonde estou
estou bem na pátria do sossego
deixa a menina cantar até que ela vire estrela.