Guarda Avante

A pedra lasca faíscas
Antes que o combustível se exaura
Rasga o vento delicado
Com o fogo que acalenta e nutre.

Ah desgraça de farrapos mundanos!
Quem me oferta ainda um ódio pusilânime?
Quem ainda afugenta com uma raiva sincera?

Onde foi parar o contumaz do vício
O devaneio pagão pornopopéico e puro?
Que fizeram dos mestres de enigmas
Duros ombros das umbandas genuínas?

Talvez desconstituíram o essencial
Pragmas e palaquins degenerados
Arrestaram ao silêncio e encheram-no de buzinas
De berros inescrupulosos de apego mesquinho!

Ai do cálido e gélido arrepio
Recluso dentre a fôrma láctea
Ruflando asas de borboleta humana -
Arranco-te fora as pálpebras ingratas!
Que é a dor senão a escola do senso?
Que é a força senão o carrasco de si em ação?

Desespero-me das questões
Mas as panturrilhas atinam por mim
Os joelhos estalam a latência pinacular
Entranhas extranhas já ao mesmo respirar
Era o supremo ego fagocitando o tempo real
A densa saga pelo gesto que desenrola
Ó venerável e infinitamente desejado!
Ó vivo instante presente!

Missão: Vida

A vida está lá fora
E aqui dentro.

Proíbo-me a nostalgia
O passadismo
Proíbo-me a saudade
E tudo mais é permitido.

Vou dormir na rua
Embaçar minhas vistas
Vou reagir ao recalque
Ranjar bons calos nas mãos.

Altaneiras expectativas
Que por nada esperam
Sim apenas esperançam.

Repique o baque do batuque
Tempere me creste o refogado
Aguarda pela tua vez na fila
Quando falar fala grosso sô.

Dê-me o troco da troça
Vá cauto ao quente asfalto
E olha de longe o que lisonja.

Rerrecomeço

Era uma conspiração de seis e setes
O fim de todos nomes e conceitos
Término que dá no terminal dum início.

Principio sem rumo
Mas em movimento
Destino radial desatando
Frescos focos aflorando
A flama lilás esgazeia incenso
Do velho timbre que retoma a passarela.

Ralento pormenorizado
Ah que ferramenta não é a poesia!
Ah tom seco tão seco e tão real
Temática lírica descendo pau
Aprazo desprazos aos deventes
Sano sinas sonsamente entremente
Ah sacro dom de cura do poeta!

Lúgubre e idiota poeteiro
Às margens da passiva concórdia
Impassivo
Alienado em torpor extremista
Artista e escravo
Alado devoto do mundo
Sentinela das orgias.

Santarrão desbocado
Ai doudo lúcido impertinente
Exclamando escarros e os reagarrando
Ai grosso duro e longínquo cientista
Tenaz aprendiz da fria magia
Ai quase rematando do fato ao além.

Responsa's Habilidades

Algazarras e folhetins
Cacarejos de cacatuas
Domas feras zorros astros.

Tabernáculos
Da verborréia                                                                                                
De falácias cocrantistas
Patronismos pratônicos.

Débeis decibéis
Cônicos lacônicos
Repetecos
Bises e saravás
Da melindragem patricinha
De cocotinhas fagueiras.

Alucinadas
Descampadas trespensadas
Guardiãs imbatíveis
E tão frágeis
Vigilas das gerações
Rosas das idéias.

A caça em caça
O coração de pedra
O batente de madeira de lei
O esquadro de aço frio
Suas alças macias
E cambalhotas ad eternum.

Chinfra

Fião preciso dormitar-me
Frião que só lapada.

Mantenhamos-nos informados
As páginas que ses virem
Malstratos intempéries das fadigas.

Ingênua coragem destatelada
Ao banho de sol em pino de dia
Regateando resgatou o frescor
Elixir de ciência sobre a ferida aberta.

Cura truculenta atravessava
Trovão benzendo beijando
Raras sínteses incognoscíveis.

ESTÓRICO