Da Rosidade

Tênue frágil esgazeada linha
Do contorno das encostas da doce moça
Fantasias de esperanças à flor da pele
Os dedos grossos atabaquistas liam-na
À glozada mortiça donzela
Como lêssem alquimias em braille.

Tinha faces de coração
Bocas bochechas olhos de coração
Singelas nádegas suculentas
Ela era toda um grande coração
E ah benção inominável!
Ah afago esplendoroso da criação
É por mim que ela pulsa!
É com o meu que o coração dela bate!

Tricotadeira entre mil pimpolhos
O sorriso que não cabe na cara
Faz o rosto parecer imenso pra se caber
Os olhos fecham contraem alegria pura
As maçãs do rosto são uma pelúcia
E ela me beija aos lábios quando estou sério.

Sonhei com ela sempre
Nos sonhos que nunca tive
Nos sonhos que nunca soube ter
Foi sempre com ela que sonhei.

Molho De Chaves

Espírito elemental da cor viva
Lâmina flúor secreta sibilando
Flâmulas fugidias do bailarino
O passeio mudo ardia.

Uma troça um desrespeito
Era o que o fazia às vezes odiar
E as sublimes fraudes ensinavam o desprezo refinado.

Mas o respeito pela poesia intocável
O amor por toda obra perfeitamente inconsequente
Digladiou
Pela glória duma liberdade frágil
Teia de aranha em arvoredo quieto.

Mariposas esvoaçam
De suas sortes e das das borboletas alimento-me.

A psicologia é a saliva ácida
Digerinte
Bactéria animalesca carnívora
E uma alienação musicada retém todo ânimo
Nos verdes e roxos da concha furtacor.

A explosão do sentimento lento
Pulso sem peso
Ginga sem medida
O sol em pino escaldava
A madrugada insone da mãe coruja.

ESTÓRICO