Esparrado

Zune o jato luzente
Creme de magnólias
O bege fértil explode do ventre varonil.

Gozo incontível
Malícia alegre cuspindo glória seminal
A tromba sagrada aponta ao fundo
Falo em talo buscando entalar
Pilar de mármore moreno
A flôr máscula em mácula
Logo quer brincar mais um pouco.

Retração do sucesso
A liberação exige força
O novo tirano impõe curas
Quer o tanque cheio novamente
Quer outra vez a gula felina
À espreita de donzelas delgadas
Quer o amor verdadeiro engatando a quinta
Aos pimpolhos que rogam por ver o dia.

Missões perigosas
O amor elevado recompensa
Com bravura e sentimento
E nos labirintos de origamis modernos
Calçadas atulhadas de bichos bípedes
Sob o sol de esplendor de todas as manhãs
O relaxamento alienado dum sonhador
Esperdícios imponderáveis
Ode visceral dum esporro lúcido.

Mundança

A folha ainda está branca
É o princípio desta vida
Fantasia inequívoca
Tudo muda no mundo
Mudo em dança o mundado.

Inventam dúvidas caducas
Neste templo de asas livres e claras como água
E sempre me aturdiu perguntar-me se a vida valia a pena
Era-me como uma traição infantil questionar-me.

Ai intensa paixão
Decantada na inocência da intimidade
Laços com que nos enlaçamos
Olhares desgrenhados na meialuz da lascívia
Hálito sutil do horizonte vespertino
Enfunando as velas largas dos sentimentais
Cotovias e picapaus cinzentos cantarolam
Pau no ganho da suprema verdade de Miles Davis!

Ai glória moderna
Afogando a faunaflora em cornetas elétricas
Mastigando tudo com mandíbulas de gruve violento
Meus pés humanos loucos rogando por fumaça violeta
Rouquidão trespassada da alegria dum amor infinito.

Olho pras palmas de minhas mãos absorto
Linhas ingênuas descrentes descrevem hábitos facínoras
Em simbiose com tudo e nada
Quero o peso da ânsia avassaladora
Desdobrado na angústia da cumplicidade
Escolhas que nos escolhem
A vida é o estrondo.

Bem já me esqueço do que dizia
E em devaneios reencontro a alvorada do pórtico agora.

Alva eterna reluzência pórtica do agora inefável
Reencontro-te sempre como um filho meu
Como um filho que gerei sem nunca saber
E que de repente bate à minha porta
Vem-me dizer que sua mãe morrera
E que este pai desconhecido é tudo que lhe resta
Só que este filho
Ai filho meu
Sou eu
Marmanjo datando quarto de século.

Mas tudo bem hei de dizer
Antes tarde que nunca!

Dou-me oi
Olá eu mesmo
Sou múltiplos
Ai cilada escabrosa
Sou todos
Sou tú leitor inesperado!

E tanta cultura humana aglomerada
Este zeitgeist ianque da mitologia dos direitos civis
Pondo em venda no mesmo camelô budas e cristinhos
Quanta religião ainda animando disposições sionistas
E no coreto pagão de minha pracinha
Uns doidões batucam djembes djiridus gaitas e cabaças.

E me lembro da musa amada
Musa que não sei quem é
E que são tantas em mim
Ah mulher
Ah santa safada tímida e destemida
Mulher úmida e cadente
Salsaricando sumo acredoce do perdão
Testando fertilidades em pompoarismos desencapados
Ah mulher faladora
Que quando cala faz todos tristes preocupados.

Tenho sede
Estou ao deserto
Saára nublado de minha ganância.

Tenho o ouvido direito ferido
Pelo sônico furor de minha folia
E talvez a intuição demasiado relegada
Busco novamente o instante presente
E sou mil borboletas brotando dos casulos
Sou cipó etéreo verde esgazeando vitalidade em odes rebuscadas
O azul claro cintilante das boas lembranças
O calor duma fogueira ímpia clamando sacrifício de virgens
Amor solar
Escondido sob a fina camada da superfície
Ascese honesta e foragida
Sou um cão saído do mar sacudindo todas as juntas pra me secar.

A Treva

Invisível e palpável
Treze juntas vinteum dedos
Vintedois quem sabe contando com a dorsal dois patinhos na lagoa.

O que chamamos cópulo
Duas aves numa mesma
E mundamente às vezes inté mais
Orgias apocalípticas à mansão de Hugh Heffner
Salafrários bancários e outras bancas opacas
Esqueço-me de tudo ruim
Abençoado desapego
Que desagrega o preconceito
Que desdenha a morte e o número
Que quer ver em tudo senão inédita impetuosidade
Que quer entoar o cântico dos mestres de si
Os melancólicos criadores que inventam úteros guerreiros em suas entranhas
Pobres simples humildes universais às margens da discórdia da imprensa e da pólvora.

E o infinito todo é um único objeto
Sonho privado e alheio um único objeto
Vida privada e alheia um único objeto
Numa mesma espiral doce fulgurante
Toda inanição e todo sentimento que há
Nos multiversos transpsicanalíticos de toda latejação molecular viva
E então o cosmos todo como algo estranhamente vivo
Cada ponto indivisível de tudo como uma papila auricular esfuzionante
Cada mínima partícula invislumbrável da existência como uma pequena audição altinossante autocontida
Um olhar em cada tudo de cada nada
A eterna liberdade do sustento de toda rede indefinível.

O coração pulsa
Exige atenção
Quer ser ouvido
Atentamente.

Máquina frágil de meus rins
Ah pérfida beleza da carne crua transpirante!
Ah incrível mormaço da nostalgia technicólor
Tons e jérris pernalongas e patolinos de nossas origens insondáveis
Geme
Mas não lamentes
Suspira lança-te mas de olhos abertos forasteiro!

Fanfarrão
Alienado
Ouvindo pipocos à esquina
Metido a ter medo de balas perdidas
Gaya arrota rúculas e agriões envenenados
E tudo mais que não se sabe dizer
E um agradecimento descartável
Grato mui grato obrigado amigos
Obrigado primos tios afilhados
Obrigado a tudo que é gente que sente gratidão
Agradeçamos
Ao inerte do núcleo do foco
Instinto de fleuma pneumático
Neutro pagão em sofisma tranquilo.

Aquilo que chamaram sentimentos
Se abre com o expandir-se das costelas
Gesto inócuo de espaçar as fronteiras da métrica.

E quando se aprende o amor
Quando se se esforça pelo aprendizado da vera magia do profundo amor lúcido
Não resta senão atender aos chamados
Sair à rua
À estrada
À cata do com que se mexer.

Da Efemeridade Irretocável

Consagro-me à poetiza
Nua musa e trovadora numa mesma
À que clama à cura do toque
Refinada aristocracia babando nas pernas abertas
Consagro-me à musa despersonalizada
À musa eterna que em tantas habita
Que roga ousadias e encara dura e alegre ao fauno em marasmo.

Estética falida
Sou a falência dos termos
Quando estou a escrever e penso em que me fascina
E transcrevo anônimo as linhas dos lábios rosados
Fazendo do ventre salivante o zéfiro estonteante
Útero de magias gingadas
Fontes confluentes desembocando em oásis fugidios
O pensamento inspira truncado
Por sobre a letargia dos chocolates.

Lançava em vôo seus dragões
Parafernália rítmica que o perseguia
Mais
Tonalidades pusilânimes empurrando-o
Ferozes alegrias musicais autocontidas eternas em cada segundo
A resultante de suas apreciações
Sua diretriz era uma sinopse reciclável
Curta diversa e divertida melodia que o empurrava
A afirmação de sua presença era uma canção a si mesma
Por si mesma
Era um improviso lúgubre e certas vezes doentio
Epiderme catastrófica suando sangue de escaravelhos
Seu caldeirão fumegava gânas excelsas e era pura progressão harmônica
Seu coração dava o pulso
As cadeiras caminhavam as cadências
E seus pêlos e cabelos em arrepios sutis ditavam croniquetas sazonais.

Perspiros

Ar perene
Dum templo de sonhos renovado
Novas infrestruturas
Tudo nos trinques sem exagero.

Bem maneiro
Tento maneirar
Sem tanto maneirismo
Sou o condensar natural
Grafo translúcido em treze fractais
As grandes cordas dançantes nas fórmulas químicas de enteógenos e psicotrópicos
Nossa psiquê tropical
Tropicália psíca
Anormal semidemente abominável
Hordas de gafanhotos mutantes acabando com as agroindústrias do mundo
Chuvas de raios gama beta alfa zeta tétas e ademais
Terra mundo já unificada
Globalização espiritual verdadeira
O amor achou seu caminho
A vida sempre dá seu jeitinho.

Blogalização transcendantal
Troça escorrente pataco
Munheca rompida
Criança mimada
Choque analifático
Disfarces dispersos
Poesia em eixo radial
Vá de trem ao gueto se esbaldar.

Quer-se o samba e não vergonha
Quer-se a estafa o friquesfrique
Não a inanição não a impotência
Só sou o que sou
E isto às vezes me importuna mas só por eu ser tão vadio.

Ai somos tanto
Não te abandona solitário
Goza a sorte de tua noite
Trevas adentro faz júz ao dengo e à audácia de teus ancestrais
Ascendente
Fio da vida àrriba
Tece a teia e escala-a jovem sedução
Faz do sotaque da gíria a antemão
E não desesperes na fome de tua monotonia
Tão vasto é o mundo
Louco imbecil
Enclausurado
Veste-te e testemunha a vida que te alimente praga desleal
Vai de encontro ao ocaso em teu acaso
Acaso tão único cristalino infinitamente pesado.

E no buraco negro em descompasso
Me vejo correndo pro abraço
Quieto
Quero a dança
Quero o cassino os bordéis quero meu tupiniquim destroçado.

ESTÓRICO