Uma Meditação

fechou os olhos
imaginou o céu azul acima de si
imaginou-se subindo ombros acima escapando pelo couro cabeludo
quis elevar-se como bexiga àcima das nuvens
e na escuridão do silêncio ruidoso da Realidade
em sua mente lâmpada solar acendeu-se
o céu dentro do ser descortinou-se
pálpebras cerradas e um céu de meio-dia à vista
refrescou-se transpassando nuvens de água-de-rosas
e junto dos anjos todos do mundo e do cosmos
viu os fiozinhos todos que prendiam o balão ao chão
e pediu pra Miguel que lhe cortasse com o sabre de luz cada apego
e orou pra Sananda que as saudades do que nunca vira se diluíssem no Amor
e vigiou ao próprio pranto e inspirou-se
e no centro de si em seu recanto cantou à brisa
do calor honesto da Ascenção
do rubror protesto da Evolução
abriu novamente os olhos paredes máquinas desprezos
e sorriu divertido esgueirando rabos-de-saia e maradãbis
tremeluziu alegrias insatisfazendo-se da inocente virtude
aproximou-se do Abismo leve como uma pluma
e seguiu flutuando até que sentisse novamente o Pulsar
certo de que seu ato poético era algo porquê morrer infinitas vezes
certo de que sua ceia fartaria
e de que sua elegância enobreceria
de que a circunstância corroboraria
de que a transparência ensinaria...

ESTÓRICO